Um teste de paternidade para o Champagne...
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Era uma vez um médico inglês chamado Christopher Merret (1614/5 – 1695). Era uma vez, um monge francês chamado Pierre Pérignon (1638-1715). Qual deles terá sido, de fato, o pai do vinho espumante?
Ao contrário do que ficou oficialmente aceito, e foi para a história, tornando-se quase uma lenda, não é necessariamente Dom Pérignon o pai desta bebida, tão apreciada em todo o mundo.
Isso, porque Christopher Merret teria deixado registrada uma receita de como produzir vinho espumante, 20 anos antes da contribuição do monge beneditino francês.
A história nos leva a dezembro de 1662, quando Merret apresentou seu trabalho à recém-fundada Royal Society, instituição inglesa destinada à promoção do conhecimento científico. Ao longo de 8 páginas, Merret detalhou experimentos que vinham sendo realizados por vinicultores ingleses, adicionando açúcar ao vinho, na tentativa de produzir uma bebida espumante, refrescante e seca, muito semelhante ao moderno Champagne. Nesse documento, Merret menciona, com detalhes, uma segunda fermentação intencional, que é o elemento-chave da produção desses espumantes.
A contribuição de Dom Pérignon, por sua vez, está muito ligada ao domínio de todo o processo. Na tentativa de prevenir a segunda fermentação, ele acabou por dominá-la. A segunda fermentação, em garrafa, que acontecia acidentalmente nos vinhos produzidos na região de Champagne, representava um perigo. O gás liberado pressionava a rolha para que ela saísse, ou, pior ainda, pressionava a garrafa, que podia quebrar, explodindo. O risco era tamanho que a explosão de uma garrafa podia desencadear um efeito em cascata, destruindo todas as garrafas da adega.
Cada um puxa a sardinha para o seu lado, e ingleses dão maior importância a Merret, enquanto franceses, a Pérignon. Da mesma maneira que nós, brasileiros, consideramos Santos Dumont o pai da aviação, enquanto os americanos creditam essa invenção aos irmãos Wright.
Certamente, cada um deles fez sua parte para que hoje possamos desfrutar a deliciosa efervescência desses vinhos. Talvez esse, o espumante, possa ser um filho com dois pais, por que não?
Esse é um assunto, sem dúvida, bastante intrigante. Se você quiser saber mais sobre as borbulhas do vinho espumante, clique aqui. E, se quiser enteder seu método de produção, clique aqui. Ah, e para saber a diferença entre vinho espumante e vinho frisante, clique aqui.
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